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A prisão de Jesus

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Da meia-noite à 1 da madrugada

A traição de Judas e a captura de Jesus

Oração antes de cada Hora.

Ó meu Senhor Jesus Cristo, prostrado na tua presença divina, suplico ao Teu amorosíssimo Coração que me admita à dolorosa meditação das 24 Horas da Tua Paixão, durante as quais, por nosso amor, tanto sofreste no Teu corpo adorável e na Tua alma santíssima, até à morte de cruz. Ajuda-me e dá-me graça, amor, profunda compaixão e compreensão dos Teus sofrimentos, enquanto agora medito a Hora __.

Y E por aquelas Horas que não posso meditar, ofereço-Te a vontade e o desejo que tenho de as meditar em todas as horas que sou obrigado a aplicar-me aos meus deveres ou a dormir.

Ó misericordioso Senhor, aceita a minha amorosa intenção e faz com que seja de proveito para mim e para todos, como se realmente e santamente fizesse quanto eu desejaria praticar.

Entretanto dou-Te graças, ó meu Jesus, que por meio da oração me chamas à união conTigo e, para Te agradar ainda mais, tomo os Teus pensamentos, a Tua língua, o Teu Coração e com eles pretendo rezar, fundindo-me inteiramente na Tua Vontade e no Teu Amor e, estendendo os braços para Te abraçar apoio a minha cabeça no Teu Coração e começo…

Ó meu Jesus, já é meia-noite; sentes que os inimigos se aproximam, e Tu, restabelecido e enxugando-Te o Sangue, fortalecido pelos confortos recebidos, vais de novo ter com os Teus discípulos. Chama-los, exorta-los e toma-los conTigo, e vais ao encontro dos inimigos, querendo reparar com a Tua prontidão a minha lentidão, indolência e preguiça no agir e no sofrer por teu amor.

Mas, ó meu amável Jesus, meu Bem, que cena comovente eu vejo! Encontras por primeiro o Judas desleal, o qual, aproximando-se de Ti e lançando-Te os braços ao pescoço, Te saúda e beija; e, Tu, Amor estremosíssimo, não desdenhas beijar aqueles lábios infernais, abraça-lo e estreita-lo ao Coração, querendo arrebata-lo do Inferno e dando-lhe sinais de novo amor. Meu Jesus, como é possível não Te amar? A ternura do Teu Amor é tanta que deveria arrebatar cada coração a amar-Te, porém não Te amam! E Tu, ó meu Jesus, neste beijo de Judas, suportando-o, reparas as traições, os fingimentos, os enganos sob a aparência de amizade e de santidade, especialmente dos sacerdotes. Afinal, o Teu beijo, manifesta que a nenhum pecador, desde que venha a Ti com humildade, negarás o Teu perdão.

Meu terníssimo Jesus, Tu entregas-Te nas mãos dos Teus inimigos, dando-lhes poder para Te fazerem sofrer aquilo que eles quiserem. Também eu, ó meu Jesus, me entrego nas Tuas mãos, a fim de que, livremente, Tu possas fazer de mim aquilo que mais Te agradar; e, juntamente, conTigo quero seguir a Tua Vontade, as Tuas reparações e sofrer as Tuas penas. Quero estar sempre perto de Ti, para fazer com que não haja nem sequer uma ofensa que eu não repare, amargura que eu não suavize, escarros e bofetões que Tu recebas que não sejam seguidos de um beijo e carícia minha. Nas quedas que darás, as minhas mãos estarão sempre prontas para Te ajudarem a levantares-Te. Deste modo, ó meu Jesus, quero estar sempre conTigo, nem sequer um minuto Te quero deixar sozinho; e para ter maior certeza, mete-me dentro de Ti e eu estarei na Tua mente, nos Teus olhares, no Teu Coração e totalmente em Ti, para fazer com que aquilo que Tu fazes, o possa fazer também eu. Assim, poderei fazer-Te fiel companhia e nada me poderá escapar das Tuas penas, para Te dar, por tudo, a minha retribuição de amor.

Meu amável Bem, estarei ao teu lado para Te defender, para aprender os Teus ensinamentos, para numerar, uma a uma, todas as Tuas palavras. Ah, como desce suave ao meu coração a palavra que dirigiste a Judas: “Amigo, a que vieste?”, e sinto que também a mim diriges a mesma palavra, não me chamando amigo, mas, com o doce nome de filho: – “Filho, a que vieste?”, para que sintas responder-Te: – “Jesus, a amar-Te”. “A que vieste?”, repetes-me quando acordo de manhã; “A que vieste?”, se rezo; “A que vieste?”, repetes-me da Hóstia Santa, quando Te recebo no meu coração.

Que belo chamamento para mim e para todos! Mas, quantos ao Teu “A que vieste?”, respondem: “Venho para Te ofender!” Outros, fingindo não Te sentir, entregam-se a toda a espécie de pecados e respondem ao Teu “A que vieste?”, com o andar ao Inferno! Quanto me compadeço de Ti, ó meu Jesus! Quereria tomar as próprias cordas com as quais, os Teus inimigos, estão para Te prender, para prender estas almas e poupar-Te este sofrimento.

Mas, enquanto vais ao encontro dos Teus inimigos, sinto de novo a Tua voz terníssima que diz: – Quem procurais?”, e aqueles respondem: – “Jesus, o Nazareno”, e Tu respondes-lhes: – “Sou Eu”. Apenas,com estas palavras, Tu dizes tudo e dás-Te a conhecer por aquilo que és, tanto que os Teus inimigos tremem e caem por terra como mortos; e Tu, Amor que não tens igual, repetindo de novo: – “Sou Eu”, chama-los à vida, e Tu próprio Te entregas nas mãos dos inimigos. E eles pérfidos e ingratos, em vez de caírem humilhados e ofegantes aos Teus pés e pedir-Te perdão, abusando da Tua bondade e desprezando as Tuas graças e prodígios, deitam-Te as mãos e com cordas e correntes prendem-Te, amarram-Te, deitam-Te por terra, pisam-Te, arrancam-Te os cabelos, e Tu, com paciência inaudita silencias, sofres e reparas as ofensas daqueles que, apesar dos milagres, não cedem à Tua Graça e se obstinam ainda mais.

Com as cordas e correntes, pedes ao Pai a graça de despedaçar as correntes das nossas culpas e prendes-nos com a doce cadeia do amor. E corriges amorosamente Pedro, que quer defender-Te chegando mesmo a cortar a orelha a Malco; desta forma, queres reparar as obras boas realizadas sem a santa prudência ou que por demasiado zelo caem no pecado.

Meu pacientíssimo Jesus, estas cordas e correntes parecem que comunicam algo de mais belo à Tua Pessoa Divina: a Tua fronte torna-se mais majestosa, a tal ponto de chamar a atenção dos Teus próprios inimigos, os Teus olhos brilham com mais luz, o Teu Rosto Divino assume uma paz e doçura suprema, ao ponto de enamorar os Teus próprios algozes; com as Tuas palavras suaves e penetrantes, ainda que poucas, fá-los tremer, tanto que, se ousam ofender-Te é porque Tu mesmo o permites.

Ó Amor acorrentado e preso, como posso permitir que Tu estejas preso por mim, amando-me assim mais, e eu, Teu pequeno filho, sem correntes? Não, não, com as Tuas mãos Santíssimas prende-me com as Tuas próprias correntes.

Por isso, enquanto beijo a Tua fronte divina, prende todos os meus pensamentos, os olhos, os ouvidos, a língua, o coração, os meus afectos e a mim todo e, juntamente, prende todas as criaturas, a fim de que, sentindo a doçura das Tuas amorosas correntes, não ousem mais ofender-Te.

Meu doce Bem, já é uma hora. A mente começa a adormecer: farei o possível para me manter acordado, mas se o sono me surpreender, fico em Ti para seguir aquilo que Tu fazes, antes fá-lo-ás Tu por mim. Em Ti, deixo os meus pensamentos, para Te defenderem dos Teus inimigos, a minha respiração para comitiva e companhia, a minha palpitação para Te dizer continuamente que Te amo e para Te refazer do amor que os outros não Te dão, as gotas do meu sangue para Te repararem e para Te restituírem a honra e a estima que Te tiraram com os insultos, os escarros e os bofetões. Meu Jesus, abençoa-me e faz-me dormir no Teu adorável Coração e eu, pela Tua palpitação ofegante de amor ou do grande sofrimento, poderei acordar, e assim nunca interromper a nossa companhia; ficamos entendidos, ó Jesus!

Reflexões práticas

Jesus entregou-Se prontamente nas mãos dos inimigos vendo nos Seus inimigos a Vontade do Pai.

Nos enganos, nas traições das criaturas, estamos prontos a perdoar como perdoou Jesus? O mal que as criaturas nos fazem, aceitamo-lo como permitido por Deus para o nosso bem? Estamos prontos a fazer tudo aquilo que Jesus quer de nós? Nas cruzes, nos cansaços, podemos dizer que a nossa paciência imita a de Jesus?

Meu Jesus acorrentado, as Tuas correntes prendam o meu coração e o mantenham firme, para que esteja pronto a sofrer aquilo que Tu quiseres.

Oração de agradecimento depois de cada Hora.

Meu Jesus, Tu chamaste-me nesta Hora da Tua Paixão a fazer-Te companhia e eu vim. Parecia-me que Te ouvia, angustiado e sofredor, a pedir, a reparar e a sofrer, e com as vozes mais comovedoras e eloquentes pedir a salvação das almas.

Procurei seguir-Te em tudo e agora, tendo de Te deixar para me dedicar às minhas ocupações habituais, sinto o dever de Te dizer “obrigado”, e “bendigo-Te”.

Sim, ó Jesus, repito-Te “obrigado” milhares de vezes e “bendigo-Te” por tudo o que fizeste e sofreste por mim e por todos. “Obrigado” e “bendigo-Te” por cada gota de Sangue que derramaste, por cada respiro, palpitação, passo, palavra, olhar, amargura e ofensa que suportaste. Por tudo, ó meu Jesus, Te digo um “obrigado” e um “bendigo-Te”.

Ó Jesus, faz com que de todo o meu ser brote uma corrente contínua de gratidão e de bênçãos, de forma a atrair sobre mim e sobre todos a corrente das Tuas bênçãos e graças. Ó Jesus, aperta-me ao Teu Coração e com as Tuas mãos santíssimas marca cada partícula do meu ser com o Teu “bendigo-Te”, para que de mim brote um hino contínuo de louvor a Ti.

Da 1 às 2 da madrugada

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