Do meio-dia à 1 hora da tarde
Oração antes de cada Hora.
Ó meu Senhor Jesus Cristo, prostrado na tua presença divina, suplico ao Teu amorosíssimo Coração que me admita à dolorosa meditação das 24 Horas da Tua Paixão, durante as quais, por nosso amor, tanto sofreste no Teu corpo adorável e na Tua alma santíssima, até à morte de cruz. Ajuda-me e dá-me graça, amor, profunda compaixão e compreensão dos Teus sofrimentos, enquanto agora medito a Hora __.
Y E por aquelas Horas que não posso meditar, ofereço-Te a vontade e o desejo que tenho de as meditar em todas as horas que sou obrigado a aplicar-me aos meus deveres ou a dormir.
Ó misericordioso Senhor, aceita a minha amorosa intenção e faz com que seja de proveito para mim e para todos, como se realmente e santamente fizesse quanto eu desejaria praticar.
Entretanto dou-Te graças, ó meu Jesus, que por meio da oração me chamas à união conTigo e, para Te agradar ainda mais, tomo os Teus pensamentos, a Tua língua, o Teu Coração e com eles pretendo rezar, fundindo-me inteiramente na Tua Vontade e no Teu Amor e, estendendo os braços para Te abraçar apoio a minha cabeça no Teu Coração e começo…
Meu Bem crucificado, vejo-Te na Cruz como no Teu Trono de triunfo, em acto de conquistar tudo e todos os corações, atraindo-os tanto a Ti, que todos sentem o Teu poder sobre-humano. A natureza, horrorizada com tanta perversidade, prostra-se diante de Ti e, em silêncio, espera uma palavra Tua, para Te honrar e fazer com que o Teu domínio seja reconhecido; o sol, a chorar, retira a sua luz, porque não Te consegue ver num estado tão doloroso. O Inferno sente terror e, silencioso, aguarda. Deste modo, tudo está em silêncio. A Tua Mãe trespassada e todos os que Te sãos fiéis estão em silêncio e petrificados com a visão tão dolorosa da Tua Humanidade dilacerada e desolada e, em silêncio, esperam que digas alguma coisa! A Tua própria Humanidade, que jaz num mar de sofrimentos e de dores atrozes da agonia, está silenciosa, tanto que se teme que, de um respiro ao outro, Tu morras! Que mais? Os próprios pérfidos judeus, os próprios algozes sem piedade, que até há bem pouco Te ultrajavam, Te escarneciam, Te chamavam impostor e malfeitor, os próprios ladrões que Te amaldiçoavam, todos se calam, emudecem, e o remorso invade-os e, se se esforçam para Te lançar algum insulto, este morre nos seus lábios.
Mas, penetrando no Teu interior, vejo que o amor regurgita, Te sufoca e não podes contê-lo; e constrangido pelo Teu Amor, que Te atormenta mais do que as próprias penas, com voz forte e comovedora, como Deus que És, elevas os olhos moribundos ao Céu e exclamas: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!” E, de novo, ficas em silêncio, imerso em dores inauditas. Jesus Crucificado, como é possível tanto amor? Ah, depois de tantas penas e insultos, a primeira palavra é o perdão, e desculpas-nos diante do Pai por tantos pecados! Ah, esta palavra fá-la chegar a cada coração, depois da culpa, e és Tu o primeiro a oferecer o perdão. Mas, quantos a rejeitam e não a aceitam; então, o Teu Amor delira porque Tu, desejas ardentemente, conceder a todos o perdão e o beijo da paz!
O Inferno, ao ouvir esta Tua palavra, treme e reconhece que és Deus; todos e até mesmo a própria natureza ficam admirados e reconhecem a Tua Divindade, o Teu Amor inextinguível e, silenciosos, esperam para ver até aonde este chega. E não é só a Tua voz, mas também o Teu Sangue, as Tuas Chagas, que bradam a cada coração, depois do pecado: “Vem aos Meus braços que te perdoo, e o selo do perdão é o preço do Meu Sangue”. Ó meu amável Jesus, repete, agora mesmo, estas palavras a todos os pecadores do mundo; implora Misericórdia para todos; aplica a todos os méritos infinitos do Teu preciosíssimo Sangue, por todos ó bom Jesus, continua a aplacar a Justiça Divina e concede a graça a quem, devendo perdoar, não tem força para o fazer. Meu Jesus, adorado e crucificado, nestas três Horas de agonia dolorosíssima Tu queres cumprir tudo e, enquanto em silêncio estás nesta Cruz, vejo que dentro de Ti queres satisfazer o Pai em tudo. Agradeces-Lhe, satisfazes, pedes perdão por todos e para todos suplicas a graça de nunca mais Te ofenderem; e para implorar isto do Pai, resumes toda a Tua Vida, desde o primeiro instante da Tua Concepção até ao último respiro. Meu Jesus, Amor interminável, deixa que eu recapitule toda a Tua Vida conTigo, com a Mãe inconsolável, com S. João e com as piedosas mulheres.
Recapitulemos a Vida e as penas de Jesus
Meu doce Jesus, agradeço-Te por tantos espinhos que trespassaram a Tua adorável Cabeça, pelas gotas de Sangue que derramaste dela, pelas pancadas que recebeste sobre ela e pelos cabelos que Te arrancaram. Agradeço-Te por todo o bem que fizeste e pediste para todos, pelas luzes e pelas boas inspirações que nos concedeste e por todas as vezes que perdoaste todos os nossos pecados de pensamento, de soberba, de orgulho e de amor-próprio.
Ó meu Jesus, peço-Te perdão, em nome de todos, por todas as vezes que Te coroamos de espinhos, por todas as gotas de Sangue que Te fizemos derramar da Tua Sacratíssima Cabeça, por todas as vezes que não correspondemos às Tuas inspirações; ó bom Jesus, por todas estas dores que padeceste, peço-Te, que nos alcances a graça de nunca mais cometer pecados de pensamento. Quero ainda oferecer-Te tudo aquilo que sofreste na Tua Santíssima Cabeça, para Te dar toda a glória que as criaturas Te teriam dado, se tivessem feito bom uso da sua inteligência.
Ó meu Jesus, adoro os Teus Santíssimos Olhos e agradeço-Te todas as lágrimas e todo o sangue que derramaste, por causa das pontadas cruéis dos espinhos, pelos insultos, pelos escárnios e pelos vilipêndios suportados durante toda a Tua Paixão. Peço-Te perdão por todos aqueles que se servem da vista para Te ofender e Te ultrajar, pedindo-Te, pelas dores padecidas nos Teus Sacratíssimos Olhos, que nos concedas a graça de que ninguém mais Te ofenda com olhares perversos. Quero, ainda, oferecer-Te tudo aquilo que Tu mesmo sofreste nos teus Santíssimos Olhos, para Te dar toda a glória que as criaturas Te teriam dado, se os seus olhares estivessem fixos somente no Céu, na Divindade e em Ti, ó meu Jesus.
Adoro os Teus Santíssimos Ouvidos; agradeço-Te tudo quanto sofrestes enquanto os algozes, no Calvário, Te ensurdeciam com gritos e escárnios. Peço-Te perdão, em nome de todos, por todas as conversas maldosas que se ouvem e suplico-Te que se abram os ouvidos de todos os homens às verdades eternas, às vozes da Graça e que ninguém mais Te ofenda com o sentido do ouvido. Quero, ainda, oferecer-Te tudo aquilo que Tu mesmo sofreste nos Teus Santíssimos Ouvidos, para Te dar toda a glória que as criaturas Te teriam dado, se tivessem feito um uso santo deste sentido.
Ó meu Jesus, adoro e beijo o Teu Santíssimo Rosto e agradeço-Te tudo quanto sofrestes por causa dos escarros, dos murros e escárnios recebidos, e por todas as vezes que Te deixastes espezinhar pelos Teus inimigos. Peço-Te perdão, em nome de todos, por todas as vezes que tiveram a ousadia de Te ofender, pedindo-Te por meio destes murros e destes escarros que todos reconheçam, louvem e glorifiquem a Tua Divindade; aliás, ó meu Jesus, eu mesmo quero ir por todo o mundo, do Oriente ao Ocidente, do Meridiano ao Setentrião, unir as vozes de todas as criaturas e transformá-las em outros tantos actos de louvor, de amor e de adoração. Ó meu Jesus, quero também trazer-Te todos os corações das criaturas, a fim de que Tu possas lançar, sobre todos, a luz, a verdade, o amor e a compaixão pela Tua Divina Pessoa; e enquanto perdoas a todos, peço-Te que não permitas que alguém Te volte a ofender e, se for necessário, também, à custa do meu sangue. Enfim, quero oferecer-Te tudo aquilo que sofrestes no Teu Santíssimo Rosto, para Te dar toda a glória que as criaturas te teriam dado, se nenhuma tivesse ousado ofender-Te.
Adoro a Tua Santíssima Boca e agradeço-Te os Teus primeiros vagidos, todo o leite com que foste amamentado, todas as palavras que pronunciaste, os beijos inflamados que deste à Tua Santíssima Mãe, o alimento que tomaste, a amargura do fel, a sede ardente que padeceste na Cruz e as preces que elevaste ao Pai, e peço-Te perdão por todas as murmurações e palavras maldosas e mundanas que se proferem e por todas as blasfémias que as criaturas pronunciam. Ofereço-Te as Tuas palavras, em reparação das suas palavras não boas, a mortificação do Teu gosto, para reparar a sua gula e todas as ofensas que Te fizeram com o mau uso da língua. Ofereço-Te tudo o que sofreste na Tua Santíssima Boca, para Te dar toda a glória que as criaturas te teriam dado, se nenhuma delas tivesse ousado ofender-Te com o sentido do gosto e com o mau uso da língua.
Ó Jesus, agradeço-Te por tudo e, em nome de todos, elevo, a Ti, um hino de agradecimento eterno, infinito. Ó meu Jesus, ofereço-Te tudo o que padeceste na Tua Santíssima Pessoa, para Te dar toda a glória que te teriam dado todas as criaturas, se tivessem conformado a sua vida com a Tua.
Ó Jesus, agradeço-Te por tudo quanto sofreste nos Teus Santíssimos Ombros, por todos os golpes que recebeste, por todas as chagas que deixaste abrir no Teu Sacratíssimo Corpo e por todas as gotas de Sangue que derramaste. Peço-Te perdão, em nome de todos, por todas as vezes que, por amor às comodidades, Te ofenderam com prazeres ilícitos e maus. Ofereço-Te a Tua dolorosa flagelação para reparar todos os pecados cometidos com todos os sentidos, o amor aos próprios gostos, aos prazeres sensíveis, ao próprio eu, a todas as satisfações naturais. Ofereço-Te tudo o que sofreste nos Teus Ombros, para Te dar toda a glória que as criaturas Te teriam dado, se em tudo tivessem procurado agradar-Te somente a Ti, refugiando-se à sombra da Tua divina protecção.
Meu Jesus, beijo o Teu Pé esquerdo; agradeço-Te todos os passos que deste na Tua Vida mortal e todas as vezes que cansaste os Teus pobres membros para ir à procura de almas para as conduzires ao Teu Coração. Ó meu Jesus, ofereço-Te todas as minhas acções, passos e movimentos, com a intenção de Te reparar por tudo e por todos. Peço-Te perdão pelas pessoas que não agem com recta intenção; uno as minhas acções às Tuas para divinizá-las e oferece-las unidas a todas as obras que realizaste com a Tua Santíssima Humanidade, para Te dar a glória que Te teriam dado as criaturas, se tivessem operado santamente e com recta intenção.
Ó meu Jesus, beijo o Teu Pé direito e agradeço-Te tudo quanto sofrestes e sofres, ainda, por mim, especialmente nesta hora em que estás suspenso na Cruz: agradeço-Te pela dilaceração que os cravos fazem nas Tuas Chagas, que se rasgam cada vez mais, com o peso do Teu Sacratíssimo Corpo.
Peço-Te perdão por todas as rebeliões e desobediências que cometem as criaturas, oferecendo-Te as dores dos Teus Santíssimos Pés em reparação destas ofensas, para Te dar a glória que as criaturas Te teriam dado, se em tudo se tivessem submetido a Ti.
Ó meu Jesus, beijo a Tua Santíssima Mão esquerda; agradeço-Te por quanto sofreste por mim, por todas as vezes que aplacaste a Justiça Divina, satisfazendo por tudo! Beijo a Tua Mão direita e agradeço-Te todo o bem que realizaste e fazes por todos, agradecendo-Te de modo especial as obras da Criação, da Redenção e da Santificação. Peço-Te perdão em nome de todos, por todas as vezes que fomos ingratos pelos Teus benefícios, pelas nossas inúmeras obras levadas a cabo sem recta intenção. Em reparação de todas estas ofensas, ofereço-Te toda a perfeição e santidade das Tuas obras, para Te dar toda aquela glória que as criaturas Te teriam dado, se tivessem correspondido a todos estes benefícios.
Ó meu Jesus, beijo o Teu Sacratíssimo Coração e agradeço-Te por tudo quanto sofreste, desejaste e zelaste por amor de todos e por cada um em particular. Peço-Te perdão por tantos desejos perversos, afectos e tendências negativas: perdão, ó Jesus, por tantos que preferem o amor das criaturas ao Teu; e para Te dar toda a glória, que elas Te negaram, ofereço-Te tudo aquilo que fez e continua a realizar o Teu Coração tão adorável.
Reflexões práticas
Jesus elevado na Cruz, fica suspenso sem tocar a terra; e nós, procuramos viver desapegados do mundo, das criaturas e de tudo o que é terreno? Tudo deve concorrer para formar a cruz sobre a qual devemos estendermo-nos e permanecer suspensos como Jesus, distantes de tudo o que é terreno, a fim de que as criaturas não se apeguem a nós.
Jesus angustiado não tem outro leito, senão a Cruz, outro refúgio, senão as chagas e os insultos; e o nosso amor por Jesus chega ao ponto de encontrar repouso no sofrimento? Tudo o que fazemos: orações, sofrimentos e outras coisas, encerremos tudo nestas Chagas, mergulhando tudo no Sangue de Jesus, e encontraremos conforto nas Suas dores. Deste modo, as Chagas de Jesus serão as nossas, o seu Sangue trabalhará continuamente em nós para nos purificar e nos embelezar, e assim alcançaremos todas as graças para nós e para a salvação das almas. Com o depósito do Sangue de Jesus no nosso coração, se cometermos alguma falta pediremos a Jesus que não nos tenha manchados na Sua presença, mas que nos lave com o Seu Sangue e nos tenha juntamente com Ele. Se nos sentirmos fracos, rezaremos a Jesus a fim de que dê um sorvo do seu Sangue à nossa alma, para que nos dê força. O doce Jesus reza pelos Seus algozes; aliás, desculpa-os; e nós fazemos nossa a oração de Jesus, para desculpar, continuamente, os pecadores diante do Pai e para implorar a Sua Misericórdia, também para aqueles que nos ofendem?
Enquanto rezamos, operamos e caminhamos, não esqueçamos nem sequer as pobres almas que estão para dar o último anélito. Levemo-lhes, como auxílio e conforto, as preces e os beijos de Jesus, para que o Seu preciosíssimo Sangue as purifique e faça com que elas desprendam o seu voo rumo ao Céu.
Todos: Meu Jesus, das Tuas Chagas, do Teu Sangue, quero atingir a força para poder repetir em mim a Tua própria Vida e assim poderei implorar para todos o bem que Tu mesmo realizaste.
Oração de agradecimento depois de cada Hora.
Meu Jesus, Tu chamaste-me nesta Hora da Tua Paixão a fazer-Te companhia e eu vim. Parecia-me que Te ouvia, angustiado e sofredor, a pedir, a reparar e a sofrer, e com as vozes mais comovedoras e eloquentes pedir a salvação das almas.
Procurei seguir-Te em tudo e agora, tendo de Te deixar para me dedicar às minhas ocupações habituais, sinto o dever de Te dizer “obrigado”, e “bendigo-Te”.
Sim, ó Jesus, repito-Te “obrigado” milhares de vezes e “bendigo-Te” por tudo o que fizeste e sofreste por mim e por todos. “Obrigado” e “bendigo-Te” por cada gota de Sangue que derramaste, por cada respiro, palpitação, passo, palavra, olhar, amargura e ofensa que suportaste. Por tudo, ó meu Jesus, Te digo um “obrigado” e um “bendigo-Te”.
Ó Jesus, faz com que de todo o meu ser brote uma corrente contínua de gratidão e de bênçãos, de forma a atrair sobre mim e sobre todos a corrente das Tuas bênçãos e graças. Ó Jesus, aperta-me ao Teu Coração e com as Tuas mãos santíssimas marca cada partícula do meu ser com o Teu “bendigo-Te”, para que de mim brote um hino contínuo de louvor a Ti.